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maria câmara

realidades e invenções no registro fotográf                                     

um grande ensaio

ico do deslocamento:

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Dimensão: 18x24 cm
Instrução para uso: Converta-o em Lambe e agencie a sua visibilidade. Imprimir em gramatura de 75g/m², e se for imprimir em gráfica opte pelo acabamento fosco.

Acordei, é manhã, uma manhã, não uma manhã qualquer.
Levanto, lembro que hoje vou encontrar algumas pessoas que não

via há tempos.
Algumas pessoas, umas pessoas, não qualquer...
Lembro-me do que somo, do que multiplico, do que posso.
Já logo, antes de escovar os dentes, separo e carrego meu celular, hoje vou fotografar com ele.  Engraçado, logo ao pensar que vou fotografar já me sinto com uma vontade imensa de produzir, é estranho ter que olhar todos os dias para esse ambiente e procurar algo diferente.  Ao escovar os dentes eu aproveitei para fotografar a água indo embora pelo ralo da pia, agora  turva pela pasta de dente. Que desperdício, todos os dias a mesma coisa, todo dia essa água  que se vai embora.
É impressionante, pensar nas nossas manias não é mesmo? Algo mudou com a pandemia.  Agora não calço mais meu tênis no meu quarto, agora espero um outro momento, para coloca-los, do lado de fora da minha casa.
Ao tomar um café reforçado, não posso me esquecer que hoje também é dia de esforço físico.
Peguei um papel e uma caneta e comecei a materializar meus pensamentos. O convite me instigou.
Só de saber que daqui a pouco estarei com tantos, tantos e múltiplos, tantos quanto múltiplos e não qualquer tantos por quantidades, sinto-me feliz.
Saio de casa, coloco o tênis e começo a me sentir o tal “flanêur” de Baudelaire, esse tal alguém que observa a cidade e experimenta um passeio contemplativo do espaço urbano, que não só vagueia, mas que também reflete sobre sua volta, sobre aquilo que vê e sente.
Do mesmo modo que me sinto esse tal, sinto-me outra, há uma ansiedade inquietante para a chegada nesse destino que me propus hoje. Afinal, havia tempos que essa arte não reverberava, fluía e confluía, nos espaços

comuns e diversos.
Fotografei, algumas coisas que vi. Essas imagens, ainda guardo em segredo, no meu íntimo. Nessa ordem, do que ainda está em mim e todas as minhas idiossincrasias, sei que sempre posso fazer a diferença, assim como outras e outros, mas não qualquer outra e outro, um, uma, não qualquer. Em breve a(o)s encontro s. 

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